A ação resultou na suspensão da linha, que funcionava gratuitamente desde a criação do bairro. Segundo a empresa, cerca de 500 pessoas usavam o transporte diariamente.
Segundo moradores, um dos motivos que levavam grande parte da comunidade a usar a linha circular era que os ônibus passavam somente pela Avenida Paulo Lauda, a principal da Tancredo Neves.
Segundo a proprietária de uma padaria do bairro Eunice Figueira, 49 anos, o atentado com facões e tacos de madeira, foi o principal assunto entre os clientes que almoçam em seu estabelecimento.
_ Como o bairro é muito grande, tem gente que mora em pontos bastante afastados. Essas pessoas usavam o transporte para se deslocarem até os pontos onde pegavam outro ônibus para trabalhar _ explica a empresária.
A dona de casa Vera Irene Santos da Silva, 53 anos, afirma que usava o ônibus para ir até o Pronto-Atendimento (PA) da T. Neves, também localizado na avenida principal do bairro. Ela acredita que os principais prejudicados serão os idosos, que dependiam do serviço para se deslocarem até o local em busca de atendimento médico. Outra preocupação dos moradores diz respeito aos estudantes.
Para a técnica em enfermagem Gislaine Rebello, 48 anos, os pais terão de redobrar sua preocupação com os filhos. Ela avalia que muitos deles confiavam no serviço, pois seus filhos eram deixados em frente à escola, o que evitava preocupação com o trânsito.
Porém, segundo Gislaine, por mais que o serviço seja retomado, a comunidade terá medo de usá-lo.
_ Ainda não entendi o porquê disso. Se é rixa de gangues, não entendi porque eles agrediram pessoas que não tinham nada com isso. As pessoas vão ter medo. Eu moro há mais de 25 anos aqui e nunca aconteceu isso. Mas assim como ocorreu dessa vez, poderá acontecer de novo.
A atitude de meia dúzia de pessoas acabou prejudicando toda uma comunidade _ diz Gislaine.
O estudante Gabriel Alves, 18 anos, compartilha de opinião semelhante. O jovem conta que usou o serviço por bastante tempo e que sua suspensão vai prejudicar principalmente os estudantes, em especial de outros bairros, entre eles, o loteamento
Cipriano da Rocha. Moradores do residencial, que foi inaugurado em 2010 e conta com cerca de 500 casas, têm poucos horários de ônibus que passam pelo local. Com a suspensão da rota, os moradores terão de caminhar quase um quilômetro até a Avenida Paulo Lauda para pegar a linha Tancredo Neves.
_ Agora, se eu precisasse, não usaria por precaução _ argumenta o estudante.
Segundo o gerente de tráfego da Expresso Medianeira, João Vicente, até ontem, o ônibus atacado não havia sido periciado. Somente depois, ele será liberado para que a empresa consiga avaliar os danos e providenciar o conserto. Somente depois disso, será avaliado se o serviço voltará a ser disponibilizado para a comunidade.